Centenas de crianças levam à cena O Principezinho, no 70.º aniversário do livro
Despertar novos olhares sobre a cultura e as questões ambientais foi o grande desafio proposto pelo Festival Terras Sem Sombra às escolas das freguesias de Melides, Carvalhal e Comporta. Quase meio milhar de crianças, entre os 3 aos 10 anos, corresponderam, durante este ano lectivo, ao projecto centrado no musical O Principezinho, de Victor Palma, adaptação da obra de Saint-Exupéry, um trabalho com abrangência nas áreas das artes e da educação ambiental. A estreia terá lugar a 29 de Junho, às 21h30, no recinto de feiras do Carvalhal, sendo os actores e os figurantes os próprios alunos, dirigidos pelo maestro Nuno Lopes, do Teatro Nacional de São Carlos, e acompanhados pelo Coro Juvenil de Lisboa. A direcção coreográfica é de Maria Luisa Carles, da Companhia Nacional de Bailado.
Esta iniciativa solidária surgiu como uma experiência vocacionada para a dinamização da comunidade escolar na vertente artística. “Com o gosto e a disciplina transmitidos pelo ensino da música – salienta Nuno Lopes –, as crianças ligam-se ao canto, aos instrumentos, ao movimento e, finalmente, ao espectáculo em si.” A escolha recaiu na célebre obra de Antoine de Saint-Exupéry pois, como explica Victor Palma, “tal como a história do Principezinho, um menino que vive sozinho com a sua rosa no asteróide B612, nos deixa a mensagem de que «o essencial
é invisível aos olhos», também nós, através deste projecto, pretendemos demonstrar às crianças e à população local, que a cultura e o ambiente são fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade, e que o seu comportamento e práticas sustentáveis tem repercussões evidentes nestas duas áreas tão sensíveis”.
O projecto espelha também a dimensão pedagógica que é conferida ao Festival Terras sem Sombra pela entidade organizadora, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, enquanto factor de inclusão social e cultural. Segundo José António Falcão, director-geral, “a responsabilidade social não se cinge às questões relacionadas com a salvaguarda da biodiversidade, de que o Festival é um grande impulsionador; há que ir mais longe e, através deste projecto, pretendemos alargar a nossa actuação e garantir o acesso de muitas crianças à cultura e, particularmente, à música – ou seja, estamos a preparar os públicos do futuro”.
Numa região onde a escassez de uma oferta cultural diversificada ainda continua a ser um problema e onde o património natural adquire assinalável importância, o Festival Terras Sem Sombra contou com o empenhamento da Fundação Herdade da Comporta e dos agrupamentos escolares e autarquias dos dois municípios abrangidos – Grândola e Alcácer do Sal – e encontrou uma base sólida para levar a cabo este projecto de proporções consideráveis, que envolve mais de uma centena de voluntários. A par do despertar da sensibilidade artística das crianças, a vertente ambiental está também presente, pois todo o material utilizado na peça foi elaborado pelas escolas, a partir de materiais reciclados.
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