A cada dia que passa, mais chineses entram em Portugal. De acordo com os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o número de imigrantes chineses no país ronda os nove mil, mas os números não oficiais apontam para mais de 17 mil. Números que eu acho que ainda estão muito abaixo da realidade.
O principal objectivo da sua entrada é o trabalho. Começaram nos anos 80 com a abertura de restaurantes, depois nos anos 90 apostaram nos grandes armazéns de revenda e após o ano 2000 começaram a surgir lojas a “cada esquina”.
Para além de astutos e desconfiados, são perspicazes e subtis, não param um minuto e mantêm sempre a reserva. São fechados e quando alguém tenta levar a conversa para assuntos extra-comerciais dizem que não entendem.
Uma das coisas que continua a intrigar toda a comunidade Portuguesa e Espanhola, é o facto de não haver registos de uma única morte destes cidadãos chineses.
Segundo uma pesquisa do semanário “Expresso”, os corpos são enviados para a China com o auxílio da Embaixada sem que exista qualquer comunicação de óbito às autoridades portuguesas. Este esquema pode favorecer a imigração ilegal, fazendo com que a identidade, o visto de trabalho e de residência do falecido passe para outro trabalhador chinês.
O Sr. Chow – Líder das Liga dos Chineses em Portugal - disse que “é evidente que os chineses não morrem menos do que os outros cidadãos portugueses". O que se passa é que, no caso de idosos a viver no país, quando estes começam a ter os primeiros sinais de doenças graves, "normalmente viajam para a China, porque é lá que querem morrer".
O Sr. Chow avança também com outras teorias que em nada convencem a quem as lê. “Anualmente é claro que há pessoas que morrem. Algumas vão mesmo parar a hospitais públicos portugueses. Há até quem seja velado segundo a tradição portuguesa. Muitos deles são cremados e enviados para a China. Noutros casos, as famílias vêm buscá-los”. "A maior parcela da nossa comunidade é constituída por jovens. É natural que os jovens morram menos".
Acrescentou também, que alguns chineses já naturalizados possuem jazigos próprios - o certo é que não existe um único chinês nos cemitérios da Península Ibérica - e que já ouviu uma “teoria” que justifica todo o processo do envio dos cadáveres, sendo este discreto e célere. Mas não desenvolveu essa mesma teoria.
A Embaixada Chinesa nada tem a dizer acerca deste assunto e o SEF diz não lhe competir o registo de óbitos destes cidadãos.
No entanto, outra versão chegou-me aos ouvidos e que refere apenas os imigrantes ilegais.
Estes entram via Nápoles, onde “dão” à Máfia Italiana uma quota mensal ou anual para pagar o seu regresso. Seja ele de que maneira for. Após a entrada em território europeu e com as “portas abertas” devido ao acordo de Schengen, eles alastram-se por onde querem e podem, seguindo assim os códigos que fazem parte da sua cultura.
Segundo a mesma fonte, os cadáveres saiem em carrinhas frigoríficas até ao porto de Nápoles e seguem depois em contentores para a sua terra natal. Afinal, eles acabam por sair do nosso país por vias tão ilegais como entraram.
Não tendo 100% de certeza da veracidade desta última informação, adianto que já nada me espanta.
Chineses
Discrição
da comunidade em Portugal criou mitos urbanos sobre os mortos
A discrição da comunidade chinesa em Portugal criou mitos sobre a sua morte. Uma das ideias que circula é que os cadáveres seriam comidos, ignorando aquela cultura oriental que defende apenas «o regresso ao lugar onde nasceram»
«O facto de não se vivenciar na Europa enterros de chineses faz com que se gerem e espalhem lendas metropolitanas normalmente associadas ao canibalismo», disse à Lusa Elisabetta Cotta, do Centro Cientifico e Cultural de Macau.
ResponderEliminarEm dez anos morreram 54 chineses em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística. A maioria está enterrada nos cemitérios de Lisboa e do Porto.
No entanto, alguns chineses decidem regressar ao seu país na velhice e algumas tumbas são também transladadas. Isto resulta de crenças antigas chinesas de que os mortos devem voltar ao lugar de origem.
«Não haver (ou raramente se encontrar) tumbas chinesas em Portugal tem a ver com o culto dos antepassados, que está enraizado na cultura chinesa desde tempos muito remotos. O culto dos antepassados está inserido na arquitetura do pensamento confucionista e na estrutura social chinesa», explicou Elisabetta Cotta.
Um responsável da maior funerária portuguesa, a Servilusa, garante que a empresa já fez transladações para a China, mas diz não ter dados sobre a quantidade de serviços realizados.
A Lusa contactou a embaixada da China para saber quantos foram os chineses transladados para o seu país de origem, mas não obteve resposta.
Liang Zhen, diretor do único jornal chinês que existe em Portugal, lembra que os primeiros chineses chegaram há quase meio século e que há já «novas gerações que nasceram cá». Muitos já têm nacionalidade portuguesa.
O diretor do jornal conhece os mitos que circulam e lamenta que os portugueses tenham tão pouco interesse em conhecer mais da sua cultura. «Existem famílias de chineses que já foram enterradas em cemitérios portugueses», conclui. Há imigrantes - que chegaram a Portugal muito antes do grande êxodo da década de 1990 - que até já têm jazigos de família.
Em dez anos, entre 1998 e 2008, morreram 54 chineses em Portugal e o número de mortes tem vindo a aumentar. Nos Cemitérios Municipais de Agramonte e Prado do Repouso (na zona do Porto) estão oito chineses, disse à Lusa uma assessora da autarquia portuense.
Em Lisboa, dos 22 chineses inumados nos cemitérios municipais metade não permanece no local: em nove casos as cinzas foram entregues às famílias e em dois casos ao agente funerário.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) aponta para a presença de 13 331 chineses em 2008, mas entre a comunidade fala-se entre 15 a 17 mil. Olhando para as idades dos chineses legalizados percebe-se que se trata de uma comunidade jovem - característica típica dos imigrantes. Com mais de 65 anos, havia apenas 131 chineses registados no SEF em 2006.