Seja louvado nosso senhor Jesus Cristo – Ouviu-se à porta- Para sempre seja louvado, e sua mãe Maria Santíssimas responde de dentro uma voz de mulher.
Pelo amor de Deus , pode dar alguma coisa aos pobrezinhos?
Às vezes ainda se ouvia falar em Deus quando se pedia uma esmola. Hoje a malta nova, muitos deles se uma pessoa lhes falar em Deus até se danam, ó riem. Por isso não levam daqui nada.
Ainda me lembro no meu tempo de criança de quando recebia esmola, eu beijava o pão . Hoje tudo vai acabando.
Para ir à esmola, era só pegar num cacete, num alforge e numa manta, a e ia eu.
Naquele tempo para agarrar qualquer coisa era preciso um homem ser aleijado, ser parvinho ou então dizer que era santanário. E tinha que beijar o pão que me davam. O pão era sagrado. Mas nosso senhor me perdoe, mas assim que a mulher me dava o pão eu tinha logo vontade de lhe dar duas dentadas
De facto eu não tinha jeito para estas mariquices, mas a fome era tanta que tinha que me adaptar às situações.
Cá não se dá nada a ninguém, ouvi dizer muitas vezes. E o Bruno lá ia com o rabo entre as pernas !
Às vezes eu ainda dizia – dê lá pelas alminhas ! Nem mesmo assim. Não dou nada a ninguém, ouvia-se.
- como em tudo na vida, não há légua sem um bocado de mau caminho.
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